A mudança é uma qualidade (ou defeito, depende de sua natureza) inerente ao ser humano; é um ato de substituir ou transformar. Diz-se que o ser e o mundo estão em constante mudança – não se sabe se pra melhor ou pior. Às vezes isso soa até como um processo invisível, que passa despercebido a olhos nus, estáticos, como uma espécie de evolução natural. Mas a impressão que fica é que esse tipo de concepção da mudança, de um modo geral, sempre é incompleto, que não é assim que deve funcionar.
Mudança, então, é um acontecimento: histórico, factível, concreto. Esperamos que as coisas mudem – especialmente aquelas que nos afetam diretamente – quando são cabíveis, já que o anseio por mudanças é precedido por certa necessidade. “Vivemos esperando, dias melhores”, diz a canção da banda Jota Quest, “dias de paz, dias a mais, dias que não deixaremos para trás”. Vivemos esperando... e isso é parte do problema. Será essa uma chave para responder à tão inquietante questão (por que o mundo não muda)? Esperança e paciência são dons raros hoje em dia, num mundo de efemeridades e urgências. Mas esperança sem ação não transforma nada (nem pode ser esperança); pelo contrário, converte-se em medo, resignação, alienação e cinismo. Percebemos, desta feita, que a mudança, em certa medida, é algo radical, custoso, paradoxal. Espera-se tanto, mas se luta tão pouco por aquilo que se espera.
Esperança é espera, mas também é luta, protesto, movimento. Quando, porém, nos damos conta da realidade complexa a nossa volta, percebemos sua crueza e crueldade. Preferimos ignorá-la, em nome da segurança e do conforto. Eliminamos a esperança, frustramos a mudança. Por que o mundo não muda? Porque passamos muito tempo ocupados em nossas agendas particulares, e a esperar, esperar que tudo mude, através de outros, ou do nada, uma hora, de algum jeito, quem sabe. Pedimos aos céus, e parece não haver resposta; estamos surdos demais para ouvir o que “ele” tem a dizer, ou para ver seus “sinais”. Só se dá importância ao céu quando a vida na terra transpassa os limites de ser uma alternativa plausível e suportável, não é mesmo?
O mundo não muda porque não mudamos. Não enxergamos que “mundo” não é só o planeta terra, mas as pessoas e os sistemas gerados por elas. Precisamos, nesse aspecto, aprender a conjugar o mundo como um verbo (“somos”), e assumi-lo como dimensão formativa do ser-no-mundo. O escritor inglês G. K. Chesterton parece, em tese, ter entendido isso. Quando ele e outros importantes escritores de seu país foram convidados por uma revista a escrever artigos opinando sobre a questão: “O que há de errado com o mundo?”, sua resposta foi a mais curta, honesta e contundente de todas. Ele escreveu apenas isso: “Senhoras e Senhores, Eu. G. K. Chesterton”. O mundo não muda, e pra melhor, em muitos aspectos; poderia elencar aqui vários. Basta parar e olhar um pouco ao redor. E se ele não muda, em algum sentido, é porque o mundo também sou eu.
Jonathan Menezes
Fonte: www.devocionais.com.br
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